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Mito ou Verdade

A adição de frutas em refrigerantes pode gerar Substâncias Cancerígenas?


Circulam pela internet algumas observações alarmantes de que adicionar frutas aos refrigerantes armazenados na geladeira poderia gerar substâncias cancerígenas. Essa ideia tem preocupado muitos consumidores, levando a questionamentos sobre a segurança de mistura de frutas com essas bebidas. Mas será que isso é realmente verdade? Neste artigo, examinaremos as bases científicas dessa alegação e desmentir esse mito, mostrando por que a combinação de frutas e refrigerantes não representa o risco que muitos imaginam.



Introdução

Circulam nas redes sociais vídeos e postagens alertando sobre os riscos de misturar refrigerantes com rodelas de limão ou laranja devido ao potencial desenvolvimento de câncer associado ao benzeno, uma substância cancerígena. Este alerta foi divulgado principalmente para a Coca-Cola, que utiliza benzoato de sódio em sua fórmula. Quando o benzoato de sódio entra em contato com ácido ascórbico (vitamina C), pode ocorrer a formação de benzeno sob certas condições.

A reação entre benzoato de sódio (CHNaO) e ácido ascórbico (CHO) pode gerar benzeno (CH), conforme ilustrado na figura abaixo. 



Frutas cítricas, como limão e laranja, frequentemente adicionadas aos refrigerantes, contêm 45 e 83 miligramas de ácido ascórbico, respectivamente. No entanto, a quantidade de vitamina C nas frutas diminui ao longo do tempo devido ao armazenamento, exposição à luz UV-A e calor, que aceleram sua degradação. Segundo Cristiane Vieira Helm, da Embrapa, essa degradação reduz a quantidade de ácido ascórbico a níveis que não são suficientes para produzir concentrações prejudiciais de benzeno.


Benzeno em bebidas

Para que o benzeno se forme, são necessários fatores como a presença de metais, altas temperaturas, exposição à luz (raios UV-A) e um tempo prolongado de contato. Como os refrigerantes são consumidos gelados e rapidamente, essas condições não são geralmente alcançadas, tornando a formação de benzeno improvável.

Um estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina investigou a formação de benzeno em bebidas. Utilizando suco de laranja natural com ácido ascórbico, ácido benzóico e cobre (II), a pesquisa encontrou uma concentração de 7,2 μg/L de benzeno após 45 dias. A pesquisa sugere que o benzeno pode se formar a partir da descarboxilação do ácido benzóico. As autoridades de saúde estabelecem limites de segurança para o benzeno em alimentos, com um máximo de 5 ppb na água potável. No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) permite até 0,1% de benzeno como subproduto em refrigerantes e considera que pequenas quantidades não representam um risco significativo para a saúde. O experimento foi conduzido para ilustrar a produção de benzeno em refrigerantes comerciais, utilizando quantidades de ácidos correspondentes às encontradas em produtos à venda.

Vale lembrar que o benzeno, que pode estar presente no ar em concentrações geralmente inofensivas, pode ter origens naturais, como incêndios florestais e atividades vulcânicas, ou ser gerado por atividades humanas, como fumar cigarros e queimar combustíveis fósseis. Aproximadamente 99% do benzeno no corpo humano provém da inalação, não da ingestão.

Assim, não há motivo para preocupação ao beber refrigerantes com rodelas de fruta cítrica.


Referências

(1) Nota oficial: vídeos que associam refrigerante com limão à substância cancerígena são fake news. Disponível em: <https://cfq.org.br/noticia/nota-oficial-boato-que-associa-refrigerante-com-limao-a-substancia-cancerigena-e-fake-news/>.

(2) O Papel da Química no combate às Fake News: Contração de Câncer através do Consumo de Refrigerante com Rodelas de Frutas Cítricas. Disponível em: <https://abqsp.org.br/wp-content/uploads/2024/06/Bruna-Alves-Matiello.pdf>









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